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Sangue do meu sangue, eu mesma

Clotilde Tavares | 3 de março de 2010

Ontem andei aqui falando que estou viajando, realizando uma pesquisa de genealogia, pesquisando meus antepassados, no desejo de saber quem são, de onde vieram, o que faziam.

Batistério de Cleuza, minha mãe. 1921.

Descobri que a genealogia é também uma ocupação muito saudável para as damas aposentadas feito eu, que perderam o gosto pela farra e pela esbórnia (talvez em virtude dos excessos que já praticaram) e que não tendo mais maridos, filhos, cargos e empregos para se dedicar, procuram algo para encher o tempo.

A genealogia tem me levado a viajar, conhecer pessoas, encontrar parentes que eu nem sabia que existiam.

O curioso é que quando eu digo às pessoas que estou procurando meus antepassados, logo perguntam se encontrei algum conde ou barão; ou se sou descendente de algum nobre florentino ou fidalgo espanhol. E quando eu digo que sou da família Santa Cruz querem logo saber se sou parente de um comediante que aparecia na TV fazendo pequenos papéis em programas cômicos. Mas é isso mesmo, vivemos numa sociedade onde o que vale é a fama e a notoriedade, mediadas pela TV.

Alguns dos meus antepassados, de sobrenome Salgado de Vasconcelos, foram agricultores e criadores de gado, mascates e tropeiros. Havia ainda os Santa Cruz, que eram bacharéis. fazendeiros e políticos, e um deles quase virou cangaceiro, à frente de um “exército” de cerca de 400 homens, somente porque se indispôs com os políticos que estavam no poder. Isso foi em 1912, em Monteiro/PB e a história é contada por Pedro Nunes no seu espetacular livro “Guerreiro Togado”. Uma versão resumida você pode ler aqui. Tudo isso é do lado da mminha mãe, onde ainda há ramos que não pesquisei como os Duarte, de Canhotinho/PE e os Ferreira, de Flores e Sertãnia, também em Pernambuco.

Os Tavares, do lado do meu pai, eram jornalistas, intelectuais, mas nenhum deles famoso: socialistas, viviam dando com os costados na cadeia sempre que havia uma escaramuça política qualquer.

Tenho muito orgulho do meu povo, e das histórias que descubro sobre eles. Mas ainda há muito o que pesquisar. Se você imaginar que temos dois pais, quatro avós, oito bisavós, dezesseis trisavós, trinta e dois tetravós e assim por diante, vai entender porque o assunto é tão apaixonante.

Eu consegui chegar modestamente a sete bisavós, quatro trisavós e dois tetravós; a caminhada apenas começou. Conseguir encontrar todos os trinta e dois tetravós é quase impossível, principalmente porque a maioria era gente pobre, modesta, sobre quem não ficou nada escrito. Mas a graça da aventura está exatamente aí.

O que sei é que todos vivem dentro de mim, impressos no meu DNA, e que sou essa amálgama de mascates, bacharéis, caboclos brabos, tropeiros, jornalistas, agricultores, fazendeiros, comunistas, sesmeiros, bandidos e coronéis. Sangue do meu sangue, eu mesma, Clotilde Santa Cruz Tavares.

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genealogia, Guerreiro Togado, Santa Cruz
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7 Responses to “Sangue do meu sangue, eu mesma”

  1. Clotilde Tavares disse:
    14 de março de 2010 às 16:51

    Alô, Marcio,
    Você podia me passar mais nome de parentes, principalmente mais antigos, com sobrenome Salgado de Vasconcelos?
    Na minha extensa lista não consta o nome de DANIEL e se eu tivesse o nome do pai dele, ou de outros irmãos, seria muito bom.
    Terminei essa minha viagem de pesquisa; agpora é hora de arrumar os dados para publicar no meu site: http://www.clotildetavares.com.br/genealogia
    Eu estudo a descendência de alguns troncos da família SANTA CRUZ; um desses troncos é minha trisavó ANNA FRANCISCA DE SANTA CRUZ OLIVEIRA, nascida em Correntes e casada com meu trisavô JOAQUIM SALGADO DE VASCONCELOS.
    Mesmo assim me interessam muito os ramos colaterais, e eu adoraria ter mais informações sobre o seu tio-avô.
    Também tenho contra-parentes pelo lado dos Vilella daquela região, Aristeu Tavares Vilella, nascido em Angelim e filho de Antonio Tavares Villela.
    Um abraço, e aguardo informações. Pode responder para este meu e-mail.
    Clotilde

  2. Márcio Lima disse:
    13 de março de 2010 às 01:54

    Olá!!!
    Meu tio-avô era Daniel Salgado de Vasconcelos (casado com minha tia-avó Miriam Freire Vilela). Eles eram desta região de Canhotinho, Jupi e Garanhuns. Ele nasceu em 1912 e se casou em 1945. Ele faleceu em 1981 em São Paulo-SP.
    Se você procurar saber, pesquisar na região, verificará uma coisa: eram cristãos-novos (descendentes de judeus sefaradim). Toda a família (tanto os Salgado de Vasconcelos como os Alves Freire e os Correia Vilela tem esta origem). Meu tio Daniel não era meu parente sanguíneo. Minha parente é a tia Miriam.

    Saudações!!!

  3. Isabella disse:
    10 de março de 2010 às 17:49

    Olá Clotilde! Tentei enviar e-mail para você, mas infelizmente não consegui.
    Por favor me escreva para conversarmos sobre a família Santa Cruz da qual faço parte. Obrigada!

  4. Fabio Said disse:
    5 de março de 2010 às 12:58

    Oi Clotilde,

    Parabéns pelo blog e principalmente pelo artigo acima!

    Você menciona a confusão que as pessoas fazem entre genealogia e ascendência nobre. É realmente muito difícil de explicar. Mas, se você pensar bem, no longo prazo, só existe genealogia de nobre. Claro que dá pra fazer genealogia de umas dez gerações (talvez mais) sem chegar a nobre nenhum, mas quanto mais “para trás” a gente pesquisa, mais aumentam as chances de encontrar antepassados nobres. Afinal, há quinhentos anos sobrenome era coisa de gente nobre e importante e os registros que sobrevivem à poeira dos tempos são principalmente de gente nobre e importante. Apesar desse detalhe que tem a ver com a realidade social do ser humano, a genealogia de fato não pode ser confundida com estudo de ascendência nobre, mas sim com o registro da história e memória de uma família, tenha ela a origem que tiver.

    Também tenho muito orgulho dos meus Medeiros, Almeida e Muniz do extremo sul da Bahia. Não porque os tenha conhecido a fundo do ponto de vista moral, mas simplesmente porque eles fazem parte da minha história e eu da deles. Nos últimos 10 anos convivi bastante com eles e inclusive com os colaterais e acabei acumulando muitas informações sobre eles. Vou liberando essas informações aos poucos, no meu blog (www.Alcobaca-Bahia.net) e em livros. No ano passado publiquei “O clã Medeiros de Alcobaça-Bahia” (http://clubedeautores.com.br/book/7892–O_cla_Medeiros_de_AlcobacaBahia) e agora acabo de publicar “O clã Almeida de Caravelas e Alcobaça” (http://clubedeautores.com.br/book/13482–O_cla_Almeida_de_Caravelas_e_Alcobaca). Vem mais por aí… Aos pouquinhos, vou colocando os meus antepassados e seus parentes colaterais no mapa genético do Brasil.

    Abraços,
    Fabio Said

  5. Eliane disse:
    4 de março de 2010 às 21:50

    Clotilde,
    Adoro seu jeito de escrever! E fico feliz quando tomo conhecimento que você publicou alguma novidade. Parabéns!
    bjs,
    Eliane

  6. Adauto disse:
    4 de março de 2010 às 14:40

    Seu texto, como sempre, flui deliciosamente. Tudo verdade. Mas esse último parágrafo, em especial, é tocante. E todas essas nossas pequenas manias, costumes e jeito de ser, além das desenvolvidas por nós mesmos, nada mais são que um resumo de toda a história de cada família. Se, por exemplo, tenho alguma expressão em particular que uso, ou uma determinada comida que aprendi a apreciar em casa, isso provavelmente veio pelos meus pais, que por sua vez podem ter aprendido com os pais deles e assim sucessivamente.

    E, dessa maneira, quer seja pelo sangue, quer seja pela história, continuarei vivo na pessoa de meus filhos!

    (Aliás esse “posicionamento” fica evidente no último blockbuster do Superman…)

    Abração!

  7. não me mande flores disse:
    3 de março de 2010 às 19:44

    Conhece o myheritage.com?

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